quinta-feira, 5 de março de 2015

O sistema medieval das prisões brasileiras


                "Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade" 
        No Brasil, sete em cada dez presidiários postos em liberdade voltam a cometer delitos. Apesar de muitos acreditarem que algumas pessoas nascem para serem ruins enquanto outras para serem boas, a razão para tal dado não está apenas no caráter da pessoa solta, mas também no sistema carcerário brasileiro e na nossa reação ao depararmos com alguém que já foi mantido atrás das grades por desrespeitar as leis.
As cadeias foram criadas com o objetivo inicial de reabilitação, uma forma de punir de forma humana aqueles que cometessem uma infração. Teoricamente, os indivíduos presos receberiam alimentação saudável, tratamentos médicos, condições de estudo e qualidade de vida em detrimento da sua liberdade, que seria suspensa até que sua pena fosse cumprida, porém, o sistema apresenta diversas falhas quando posto na prática.  

Em 2013, Foram calculados 584 mil detentos em prisões brasileiras que foram construídas para abrigar no máximo 310 mil destes. A superlotação retira dos seres humanos mantidos nas penitenciárias o direito de privacidade, desrespeitando a lei de execução penal (1984) que diz que cada preso deveria ter direito a uma cela individual com área de 6 metros quadrados, vaso sanitário e pia, além de tornar mais difícil a organização colocando muitas vezes em uma mesma cela um homicida e um pequeno infrator que foi detido por cometer um roubo. É importante ressaltar que o inchaço das cadeias é também um defeito do nosso sistema judiciário, que raramente propõe outros métodos de reabilitação como o trabalho voluntário, além de deixar presa por vários anos uma pessoa inocente e ainda não julgada, aguardando que a justiça seja feita, cerca de 44% dos prisioneiros brasileiros ainda não foram declaradas oficialmente culpadas.
Além de serem mantidos em péssimas condições de conforto e higiene, serem submetidos a agressões físicas diariamente e conviverem com cerca de 30 homens em uma cela criada para apenas um, os infratores presos dificilmente conseguem ter uma perspectiva de futuro. Devido ao preconceito existente em nossa sociedade reintegrar-se se torna uma tarefa extremamente complicada, ex-presos dificilmente são aceitos em empregos, o estigma de cometer um delito o acompanha por toda a vida.

O primeiro passo para reverter a situação revoltante não está apenas em melhorar as condições das cadeias, mas também evitar que os jovens atuais busquem o caminho dos criminosos. A família de presidiários deve receber benefícios, como oportunidades e ajudas psicológicas para que o crime não seja visto como um ato comum e o problema não se torne “hereditário”, constantemente vemos jovens recorrendo ao mesmo crime que o pai. A fiscalização frequente em cadeias aliada a conversas com os presos sobre como os guardas agem deveria ocorrer, para que os limites não sejam ultrapassados e esta se torne um local de reabilitação e não tortura e sofrimento. Se a cadeia se tornasse um lugar melhor e oferecesse aos presos oportunidades de crescimento pessoal, veríamos pessoas cada vez melhores e justas saindo das penitenciárias, tornando mais fácil o convívio na sociedade e a busca por uma nova vida.

http://g1.globo.com/jornal-nacional/videos/t/edicoes/v/projeto-ajuda-a-diminuir-a-superlotacao-nos-presidios-do-maranhao/2041723/  

http://megafilmeshd.net/series/prison-break.html (Série sobre a fuga da prisão de um homem condenado injustamente a pena de morte, na terceira temporada vemos uma prisão com níveis revoltantes que se assemelham a prisão de Pedrinhas no Maranhão) 

(Não nos mostra apenas as condições ruins das cadeias, mas também aquelas em que presidiários levam vidas de luxo ilegalmente. Longo, porém de extrema importância) 



11 comentários:

  1. Realmente. O país precisa passar por uma reeducação imensamente trabalhosa para a solução do problema posto em pauta.
    Sua escrita é ótima. Gostei muito.

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  3. É muito triste saber que pessoas são expostas a esse tipo de tratamento. Mais triste ainda é saber que muitos deles podem ser inocentes pagando um preço muito alto pela negligência da justiça brasileira. O país deveria investir para que as pessoas nem chegassem a ter a experiência carcerária, mas já que chegam, é mais que obrigação cuidar e educar para que o indivíduo enxergue que há outra maneira de prosseguir a vida. Enfim, seu texto ficou ótimo! Proporcionou uma leitura instigante e muito proveitosa, o vídeo foi uma maneira perfeita de provar tudo o que você havia dito.

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  6. Não só o sistema carcerário sofre esse descaso, mas a educação, a saúde e outros sistemas de responsabilidade do governo, seja municipal, estadual ou federal.
    Você conseguiu colocar em pauta todos os problemas e possíveis soluções de forma bem clara, de forma que consegui entender sua escrita na primeira leitura, além de colocar sua opinião, seu texto é rico em dados e informações,o que nos possibilitam imaginar a dimensão do problema, e os videos só reforçam suas palavras

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  8. Ótimo tema e muito bem abordado, super interessante Lara! Sua escrita é muito boa e da para perceber o seu trabalho na produção do texto, várias fontes pesquisas resultaram em um texto bem elaborado, você também interligou as ideias muito bem e tornou o texto legal e de fácil entendimento.

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  9. Uma ótima escolha de tema, seu texto esta claro, e bem escrito. O vídeos e as fontes de sua pesquisa enriqueceram seu texto. Parabéns.

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  10. O tema abordado no texto é extremamente interessante e relevante. Isso porque mostra de maneira clara e real a situação das penitenciárias brasileiras, e o posicionamento da autora está presente. A leitura flui e as informações são absorvidas rapidamente.
    Gabriela

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  11. Seu texto ficou muito bom e o tema também. A funcionalidade do sistema prisional está atrelado a uma série de variáveis como política de reabilitação, melhoria real de vida fora da cadeia, mudança de mentalidade, oferta de emprego. Tanto que sistemas prisionais em outros países funcionam como na Suécia.

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