sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Os Limites do Humor na Mídia

Ofender não é Brincadeira


    Um entretenimento que vem sendo muito apreciado e tem ganhado cada vez mais destaque é o humor: a arte de causar o riso nas pessoas, seja por meio de movimentos corporais ou pela lábia (piadas, por exemplo). Mas o que vem-se assistindo ultimamente é o fato de muitos humoristas fazerem de tudo para gerar risadas, inclusive ofender, constranger e afetar a dignidade de terceiros. A partir disso, esse humor não deve mais ser considerado válido, engraçado nem tolerante.
    É fundamental citar que os humoristas muitas vezes fazem a piada no intuito de abranger o maior número de espectadores possíveis, ou seja, garantirem sucesso, e para isso desconsideram que sua atividade pode humilhar e ferir outra pessoa, tanto de maneira física quanto psicológica. Com isso, faz-se inevitável mencionar o caso do polêmico humorista Rafinha Bastos, que dentre muitos processos promovidos justamente por piadas de mau gosto, destaca-se o que ele satiriza a cantora Wanessa Camargo, na época em que ela estava grávida, dizendo: "Comeria ela e o filho", referindo-se à beleza da mesma. Ao justificar-se, o apresentador disse que era apenas uma piada, mas é notório que este argumento não explica de forma alguma a invasão constrangedora que ele cometeu.

Um exemplo das frequentes piadas ofensivas propostas pelo humorista Rafinha Bastos.
    Ademais, é de suma importância falar sobre a popularização da comédia Stand-up, da qual os respectivos artistas apresentam piadas em um palco, apenas com textos. Cada vez mais, artistas deste estilo vêm recebendo processos cuja causa é semelhante à de Rafinha Bastos, e também se defendem da mesma maneira, alegando que era apenas uma brincadeira. Além disso, eles abusam da liberdade de expressão, ao acreditarem que ela permite-lhes dizer o que querem sobre todos.
    Logicamente, deveriam ser implantadas regras e imposições que dessem maior senso a esse setor de humor, garantindo mais cautela e que ninguém seja ofendido ou difamado. A mídia também poderia auxiliar, alertando os próprios humoristas à forma como o público irá receber certa piada, mostrando assim que deve haver um limite entre liberdade de expressão e preconceito. 









Eutanásia: direito de morrer ou matar?

      

   Provavelmente você já ouviu falar em eutanásia, cuja definição é o direito a uma morte sem dor ou sofrimento a doentes em estados incuráveis, de maneira controlada e assistida por um especialista. Apesar da existência de inúmeros recursos menos radicais para aliviar o padecimento e prolongar a vida de pacientes em estados terminais, o tema sempre vem à tona e ainda provoca acaloradas discussões. Mas afinal, legalizar a eutanásia seria então um ato de covardia ou seria um ato de amor ao próximo? Aqueles que sofrem sem nada proferir, se pudessem falar, expressariam gratidão ou se queixariam por suas vidas?

   A eutanásia foi liberada em poucos países, sendo alguns destes Holanda, Bélgica e Suíça. Nas demais nações do mundo, essa prática é estritamente proibida e é considerada uma forma de homicídio. Existe neste caso um conflito entre o Estado, que tem como princípio a proteção da vida, e aqueles que, devido ao estado precário de saúde, desejam dar um fim ao seu sofrimento, antecipando a morte. Um dos principais impasses para sua legalização se encontra também nas doutrinas do cristianismo e judaísmo. Deus nos deu o livre arbítrio; será que não tendo o cidadão mais nenhuma condição física de se auto exterminar e nem de viver plenamente, consistiria em pecado a eutanásia?

   Todo cidadão deve zelar pelo bem-estar físico e mental do seu semelhante, e isso inclui às vezes tomar por ele medidas difíceis e delicadas. Se podemos ter a jurisdição e optar por não prolongar o martírio por tempo indefinido, acho que cabe a nós que o façamos. É certo que, viver é um direito nato a todo ser, mas acompanhado a isso está a qualidade de vida. Existem incontáveis pessoas em estado vegetativo, que respiram por aparelhos e definham ano após ano em cima de uma cama. Não vejo isto como qualidade de vida e é certo que poucos desejariam manter-se desta forma. É importante também levar em conta que muitos pacientes se deixam consumir opressivamente pela doença e almejam de forma precipitada a morte. É por isso que cada caso deve ser particularmente acompanhado e sob muita cautela.

   No Brasil, a prática da Eutanásia é um crime prescrito no art. 121 (homicídio- simples ou qualificado). O código penal brasileiro defende que a ação é um desrespeito à vida e ao ser humano, não levando em conta que talvez possa ser mais desrespeitoso ainda permitir que o enfermo sofra angustiadamente e, muitas das vezes, contando os minutos para que isso possa acabar. Não estaríamos cometendo um crime, mas sim tendo compaixão e solidariedade para com o próximo, o que faz parte dos direitos de qualquer ser em questão. Falta-nos nos colocarmos em situações semelhantes e refletir sobre qual escolha tomaríamos, pois só “sentindo na pele” para termos uma visão mais crítica e, possivelmente, sermos favoráveis a eutanásia.

  A seguir, uma reportagem sobre uma jovem que, após descobrir que possui câncer terminal, se decide mudar para Oregon, localidade onde a eutanásia é permitida.



Fontes:


Priscila Matos

Terapia dos "bichos"







   Bioterapia, ou Terapia Biológica, é o nome atribuído para uma forma de tratamento que são usados agentes biológicos para estimular e/ou restaurar o sistema imunológico do paciente, para combater diversos tipos de doenças e infecções. Claro, existem diversos tipos de bioterapia (yoga e meditação são exemplos), mas esta é sobre, especificamente, o tratamento feito com animais, como: sanguessugas, abelhas e larvas de moscas.
   Apesar de haver diversos indícios apontando que os Maias, na América Central, e os Aborígines, na Austrália, tenham sido pioneiros, o primeiro registro oficial desse método aconteceu durante a Primeira Guerra Mundial (1914), na qual os soldados feridos foram tratados com aplicação de larvas. Em 1927, essa prática foi levada para os hospitais pelo cirurgião Willian Baer, mas não foi levada a sério pelas pessoas, afinal, esses animais eram tidos como asquerosos e nunca poderiam fazer bem, sem contar que por volta dos anos 40, com o desenvolvimento dos antibióticos, a bioterapia foi deixada em segundo plano. Algumas décadas depois, por volta dos anos 60 e 70, com a descoberta de bactérias mais resistentes aos antibióticos, a prática voltou a ser usada e se espalhou por diversos países, como: Estados Unidos, Israel e muitos países europeus.
   As larvas de mosca-varejeira são usadas em ferimentos e queimaduras, sendo uma técnica muito famosa entre índios e soldados. As larvas recém chocadas, são esterilizadas e depois aplicadas nos ferimentos. Elas se alimentam do tecido morto e de bactérias maléficas, por isso acabam preservando o novo tecido, sem contar que ajudam no processo de cicatrização. As sanguessugas são usadas, normalmente em hematomas, pois elas "chupam" o sangue sem causar dor e restabelecem a circulação de sangue em locais em que, por exemplo, são realizadas cirurgias. Esse tratamento começou a ser utilizado há mais de dois mil anos, sem contar que no século 19, hospitais em Paris usavam até seis milhões de sanguessugas para retirar 300 mil litros de sangue por ano dos pacientes. Por último, as abelhas melíferas que são usadas para curar o reumatismo, artrite, infecções na pele, doenças oftalmológicas, entre outros. São retirados dessas abelhas seu veneno, que possui função anti-inflamatória e pode ser usado para a produção de pomadas e vacinas. Em Cuba, apesar de sua eficácia não ser comprovada cientificamente, o paciente recebe ferroadas das abelhas e é usado para tratar da esclerose múltipla no país.
   No Brasil, o método está em fase experimental, testado apenas em animais de laboratório, mas acredito que deveria ser utilizada normalmente em nosso país, pois como mencionado, as vantagens são imensas, além de curar diversos problemas que, em situações normais, demoraria muito para tratar.