quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Tatuagem: Alis volat propriis



         A tatuagem ou dermopigmentação é uma das formas de modificação do corpo mais conhecidas e cultuadas do mundo. Trata-se de um desenho permanente feito na pele humana que, tecnicamente, é uma aplicação subcutânea obtida através da introdução de pigmentos por agulhas, um procedimento que durante muitos séculos foi completamente irreversível (embora dependendo do caso, mesmo as técnicas de remoção atuais possam deixar cicatrizes e variações de cor sobre a pele). A motivação para os cultuadores dessa arte é ser uma obra de arte viva, e temporal tanto quanto a vida.

      A tatuagem é uma antiga forma de arte, entre os povos que a criaram, a tatuagem era, e ainda é parte da cultura dos ritos de passagem e das diferenças entre tribos e classes sociais. O problema começou quando os europeus tomaram para si o hábito de tatuar a pele. Os marinheiros das expedições capitaneadas pelos desbravadores da Oceania, como John Cook, foram os primeiros a levar ao Velho Mundo os elaborados desenhos.

A tatuagem foi banida e proibida na Europa no primeiro século depois de Cristo pelas autoridades religiosas, por ser considerada um insulto à santidade do corpo, que era considerado o “templo do Espírito Santo”. Junte-se a isso a má fama que os marinheiros tinham (essa classe de profissionais era formada primordialmente por ex-detentos e condenados pela Justiça à prisão ou à forca) e teremos a origem do preconceito contra tatuagens.

           Boa parte do preconceito contra tatuagens provém da cultura cristã, como citado acima, mas havia também uma grande questão social que embutia ainda mais preconceito contra os desenhos feitos na pele. Os primeiros homens a aparecerem em público com tatuagens eram os já citados marinheiros, cuja má fama os precediam. Junte-se a isso o hábito que a Igreja Católica tinha de estigmatizar algumas pessoas que cometiam “pecados” com letras e desenhos tatuados, e temos aí uma união de ideias que levou a seguinte linha de raciocínio: pessoas tatuadas pela Igreja eram pecadores, portanto indignos, marinheiros tatuados eram prisioneiros condenados e que cometeram crimes diversos. Portanto, toda pessoa tatuada era um potencial criminoso ou pecador. Essas ideias deu à tatuagem (ou tattoo, como imortalizado pelo capitão John Cook) o terrível estigma de “coisa de pessoas sem valor social”, ou simplesmente “coisa de bandido”.

        A tatuagem passou quase todo o século XX sofrendo com o preconceito ancestral herdado desde a Idade Média, mas graças ao culto à personalidade criada pela mídia para poder falar sobre cantores, atores e diversas personalidades notórias, a tatuagem começou a ser vista também como uma forma de expressão artística. A partir da “invenção da juventude” como mercado consumidor, em meados da década de 1950, e do culto aos estéticos propagados pelos ídolos desta juventude, principalmente cantores de rock, a tatuagem começou a sair do gueto e invadir os “grandes salões da sociedade”.



        Se hoje os estúdios de tatuagem multiplicam-se graças a uma horda crescente e insaciável de jovens e adultos que aderem à tatuagem como forma de expressão e homenagem, há também um grande preconceito profissional contra a tatuagem, principalmente nas profissões mais tradicionais, como médicos, engenheiros e advogados. A visão do público ainda é altamente preconceituosa, e isso dita a contratação ou não de um profissional tatuado.



           Vejo que a tatuagem não é mais demonizada pela população como antigamente, e isso se deve à adesão de pessoas famosas que são adoradas pelo público e que aparecem ostensivamente na mídia mostrando sem pudor as tatuagens que cobrem partes visíveis do corpo. O principal foco de preconceito contra tatuagens ainda é o mercado de trabalho, mas setores mais conservadores da Igreja Católica, seitas neoevangélicas e até mesmo cidades interioranas com prefeitos conservadores mantêm a tatuagem em um gueto de desprezo, nojo e até mesmo ódio.

       Veja A tatuagem nos dias de hoje onde podemos ver um exemplo de conteúdo que tira um pouco do stigma de comportamento marginalizado que muitas pessoas ainda atribuem aos tatuados.

       Seja ao completar 18 anos ou na terceira idade, a primeira tatuagem vem sempre com um frio na barriga. Como saber se está fazendo tudo certo? Tatuadores experientes dão dicas de como se preparar para a primeira – e para as próximas -- e evitar arrependimentos. Leia aqui.

      Para quem está pensando em fazer uma tatuagem, certamente uma das partes mais divertidas é escolher o quê tatuar. Há muitas possibilidades de desenhos e, além disso, cada desenho pode ser feito em estilos diferentes. O interessante da análise e da escolha é descobrir qual deles combina mais com você. Conversar com tatuadores pode ser uma boa ideia, uma vez que eles têm grandes capacidades de visualizações. Para quem pensa em fazer uma tatuagem leia Estilos de tatuagem para tatuar o corpo – Tipos de tattoo e modelos.

       Confira aqui algumas das dúvidas mais frequentes sobre tatuagens e construa sua base.



Texto de André Paes


2 comentários:

  1. O autor escolheu bem seu tema e soube trata-lo e desenvolve-lo, sendo coeso e coerente na construção de seu texto. Soube também dar foco no assunto principal que é a questão do preconceito, mostrando os seus primórdios. usou alguns dos recursos, sendo essa a exibição de imagens, e para finalizar seu texto expôs ao leitor um site para tirar duvidas em relação a tatuagem ''Confira aqui algumas das dúvidas mais frequentes sobre tatuagens e construa sua base'', o que particularmente chamou minha atenção positivamente. No entanto no texto houve muita repetição , principalmente na parte em que cita a má fama dos marinheiros, não sendo muito objetivo. Mas de modo geral o texto do autor em questão ficou muito bom.

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  2. Tatuagem é um assunto tão bacana, mas tão polêmico, e você conseguiu mostrar esses dois lados dessa arte de um modo coeso e coerente, com um texto de leitura fácil e boa, logo que é um assunto que me chama atenção, porque tenho vontade de fazer uma tatuagem futuramente, e acredito que não só eu, como diversos jovens tem essa vontade também, as vezes estão esperando a autorização dos pais, ou as vezes não sabem o que tatuar ainda, e você deixou essa sugestão de algumas tatuagens, que pode ajudar na escolha de quem está em dúvida. O texto ficou muito bom, introduziu bem o que e onde surgiu a tatuagem, e puxou o lado do preconceito, que como você disse, já existe desde muito tempo atrás, e ainda está muito presente na sociedade.

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