A arte indígena brasileira é a
arte produzida pelos povos nativos do Brasil, normalmente ligada a vida
cotidiana e rituais. Marcado por intensos enigmas, mistérios e originalidade,
essa forma de arte exerce grande fascínio sobre outras culturas e merece realce
na atualidade.
A arte indígena difere da
arte contemporânea ocidental pelo caráter tradicional e forte utilitarismo
porque segue os padrões herdados coletivamente, que passam de pai para filho e
desenvolvem poucas variações ao longo do tempo. Além disso, as produções indígenas
são quase sempre destinadas a algum uso, não existindo ideia de arte apenas
para uso estético.
Dentre a enorme diversidade
de culturas indígenas no Brasil, generaliza-las é enganoso, já que cada povo
tem suas próprias percepções. No entanto, pode-se dizer, que em
conjunto, as tribos se destacam na arte da plumagem, cerâmica, cestaria,
trançado, mascaras e pinturas corporais.
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Adornos
corporais da tradição Rikbaksta |
Para os indígenas, as
máscaras podem adquirir dois significados: ao mesmo tempo em que são um objeto
comum, produzido por um homem, podem representar figuras mitológicas e sobrenaturais. Geralmente são feitas a partir de troncos de arvores, cabaças e
palhas de buriti e são usadas em danças e ritos cerimoniais, com objetivo de
afastar os espíritos malignos e manter a ordem do mundo. Esses objetos são
dotados de simbologias étnicas.
As peças de cerâmica
impressionam por desenhos ricos e bem trabalhados. São utilizados como vasos,
recipientes, panelas e esculturas, sendo muitas vezes usadas para armazenar
cinzas dos mortos.
O trançado também tem
presença marcante na arte das tribos indígenas. A produção é diversificada em
vários aspectos já que podem servir como cestas, tapetes, mesas, peneiras,
armadilhas de caça, redes para pesca e instrumentos pessoais, como tangas e
pulseiras.
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Representação da pintura corporal indígena |
A pintura corporal é uma
manifestação peculiar das tribos indígenas, que utilizam tintas naturais
oriundas de arvores e furtos. As cores vermelho do urucum e negro esverdeado do
jenipapo são as mais utilizadas por transmitir alegria contida nas cores vivas.
As técnicas, as tintas e os desenhos possuem distinções, por exemplo, existem
desenhos feitos para comemorações, outros para rituais, assim como tintas para
crianças e outro tipo para adultos.
Estima-se que as tribos
indígenas já pintavam seus corpos 20 mil anos atrás, considerando essa prática
como uma segunda “pele” os indivíduos. Nesse contexto, a pintura indígena era
considerada como um instrumento essencial, que pode ser comparado as
vestimentas dos europeus. O antropólogo francês Lévi-Strauss analisou esta
situações e conclui que “as pinturas do rosto, conferem (...) ao indivíduo sua
dignidade de ser humano, elas operam a passagem da natureza à cultura, do
animal estúpido ao homem civilizado. (...) elas exprimem, numa sociedade
complexa, a hierarquia dos status. Elas possuem uma função sociológica.”
A plumária também é uma
expressão indígena, conhecida mundialmente e impactante, que chamou atenção dos
europeus desde o primeiro contato, no século XVI. Vários exemplares foram
coletados e enviados à Coroa como um produto estranhamente atraente, que
poderia render lucros.
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Representação da pintura corporal e da arte plumária |
As penas e plumas de aves são
utilizadas principalmente, na produção de cocar, flechas, pulseiras, brincos,
colares, tiaras, petecas, bolsas, instrumentos de trabalho, entre outros
enfeites. Essa forma de arte é extremamente simbólica, que pode representar ritos
de passagem, estados de espírito, distinções de prestígio e poder, imagens de
identidade da pessoa, da família, do clã e da nação. A arte plumária é uma
forma de dialogo: ela faz, e diz mil coisas, apresenta-se de várias formas e
modos.
A confecção desses objetos
é tarefa dos homens adultos, e suas técnicas são aprendidas depois dos ritos
próprios para aprendizagem plumária. As penas e plumas podem ser usadas em
estado natural ou transformadas com cortes, desfiamentos e tingimentos. Também
podem ser associadas com outros materiais, como couros e peles, ossos, sementes
e bambus.
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Colar
inspirado na arte plumária |
Atualmente, a produção
plumária dos índios brasileiros se ampliou, se espalhando para outras culturas
de forma que comumente podemos perceber no mercado objetos feitos à base de
penas, como brincos e filtros dos sonhos.
A Funai, Fundação Nacional
do Índio, tem grande importância na divulgação das diversas formas artesanais
indígenas. Em 1972, foi criado o projeto “Artíndia”, com objetivo de
comercializar produtos confeccionados pelos índios do Brasil e gerar renda para
as comunidades, além de divulgar e valorizar a arte. Em 2009, existiam nas
lojas peças de mais de 60 etnias, o que demostra que essa organização busca
atender diversas etnias.
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Comercialização do artesanato indígena |
Infelizmente, a riqueza
cultural indígena é esquecida e deixada em segundo plano por influências de uma
mentalidade portuguesa, que ainda permanece na visão da maioria das pessoas.
Entretanto, os povos indígenas sempre tentaram manter suas formas artísticas e
buscam valoriza-las nas aldeias. Isso fica perceptível no lamento de um índio
Tupinambá capturado em 1616, registrado pelo frei Yves d'Evreux: “Quando eu
penso em como as pessoas escutavam o meu pai, que era um grande homem, (...), e
quando olho para mim mesmo, um escravo – sem pinturas, sem um ornamento de
penas na cabeça, nos braços e nos pulsos -, eu preferia estar morto.”. A arte
das tribos indígenas brasileiras transparece de forma expressiva, simbólica,
social, histórica; a arte é simultaneamente, simples e extraordinária.
Danielle Cunha da Silva
Júlia Fernandes Sousa
Referências Bibliográficas:
WIKIPÉDIA: Arte indígena brasileira. Disponível em <https://pt.wikipedia.org/wiki/Arte_ind%C3%ADgena_brasileira>.
Acesso em 21 de outubro de 2015.
WIKIPÉDIA: Arte plumária dos índios brasileiros. Disponível
em <https://pt.wikipedia.org/wiki/Arte_plum%C3%A1ria_dos_%C3%ADndios_brasileiros>,
Acesso em 21 de outubro de 2015.
FUNAI: Funai planeja reestruturação do Projeto de
comercialização da arte indígena, 2009. Disponível em <http://www.funai.gov.br/index.php/comunicacao/noticias/2284-funai-planeja-reestruturacao-do-projeto-de-comercializacao-da-arte-indigena>.
Acesso em 21 de outubro de 2015.
MISTERSILVA, Robson. “Artes e expressão 6”, 14 de julho de
2010/ Página 17. Disponível em https://books.google.com.br/books?id=OWBWBQAAQBAJ&pg=PA17&lpg=PA17&dq=pinturas+do+rosto,+conferem+%28(...).
Acesso em 21 de outubro de 2015.
ARTE INDÍGENA BRASILEIRA. Produção da BBC History.2000.1
videocassete (10:37min.). Didático. Port.
MULTARTE: Artes Indígenas Brasileiras e Suas Características.
Disponível em <http://www.mult arte.com.br/artes-indigenas-brasileiras-e-suas-caracteristicas/>.
Acesso em 21 de outubro de 2015.
MUSEU DO ÍNDIO: Arte Indígena: Pinturas, Cerâmicas e
Plumagem, 2015. Disponível em <http://www.museudoindio.org.br/arte-indigena-pinturas-ceramicas-e-plumagem/.
Acesso em 21 de outubro de 2015.