Localização da região do Uaupés.
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Os índios que vivem as
margens do Rio Uaupés e seus afluentes (Tiqué, Papuri, Querari e outros
menores) integram atualmente 17 etnias que fazem parte de uma rede de troca,
que incluem casamento, rituais e comércio, compondo assim, um conjunto cultural
e social definido, comumente chamado de “sistema social do Uaupés”. Nessa
região, no século XIX, ocorreram várias revoltas, devido os índios locais
pregarem o fim da exploração do uso da borracha, após a criação da província do
Amazonas por D. Pedro II, merecendo destaque a Revolta do Uaupés.
Nessa revolta podemos enfatizar a
presença o pajé Vicente Christu, também conhecido como o messias Baniwa
Venâncio Kamiko, que foi um dos mais poderosos pajés do século XIX, pregando a
libertação da opressão política e econômica dos brancos contra os índios localizados
na região do Uaupés. Além disso podemos destacar os aspectos religiosos, que
iam desde a rituais, até a conversas com Deuses da tradição indígena.
Estátua de Venâncio Kamiko, encontrado no Museu Nacional de Arquivos do
RJ.
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O
QUE OCASIONOU ESTA REVOLTA
Após a proclamação da independência, o governo federal
promoveu vários investimentos para a extração da borracha, e com a sua ascensão
como matéria prima o governo tentou convencer os índios que viviam nessa região
a deixarem de morar em regiões recuadas e de difícil acesso para viverem em
povoados ou nas vilas situadas nas margens dos rios maiores.
Muitos
índios foram escravizados e forçados à trabalharem com a extração da borracha,
e aos poucos, isso foi gerando um sentimento de raiva e ódio contra os homens
brancos.
Índios escravizados no século XIX.
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As atividades dos
missionários ainda eram frequentes no Brasil e em 1883 os franciscanos, que
compunham uma ordem religiosa, chegaram ao Uaupés. Os índios deviam tirar um
dia da semana para a construção das casas para as autoridades religiosas e
militares, da igreja e da cadeia. Além disso, os franciscanos tentaram acabar
com as atividades dos pajés locais e passaram a controlar os regatões- hábeis
vendedores dedicados ao comércio ambulante, principalmente através de pequenas
embarcações -, que somente poderiam comercializar com os índios através de sua
autorização.
Embarcação de um Regatão.
Um desses franciscanos, Frei
Illuminato Coppi, é descrito pelas fontes históricas como um homem violento,
intolerante, e que não hesitava em ridicularizar os costumes e as crenças
indígenas. Em várias ocasiões, ele expôs à vista das mulheres e das crianças,
as máscaras e os instrumentos de músicas considerados sagrados, que eram
proibidos de serem vistos por elas. Sua última provocação, no dia 28 de outubro
de 1883 em Ipanoré, levou à revolta dos índios do local e à expulsão dos
missionários franciscanos.
O
IMPACTO DA REVOLTA
Os índios se revoltaram
contra este tipo de tratamento e contra sua exploração de mão de obra e dos
recursos naturais da região, e como vingança, efetuaram expedições contra os
brancos, que utilizavam soldados ou mesmo índios de outras etnias da região
para reprimir as rebeliões.
Os movimentos se espalharam
pela região inteira e ameaçaram expulsar os brancos. Os militares locais e da
província reagiram a estes movimentos na maioria das vezes com repressão e
violência, embora o governo da província mandasse uma comissão oficial para tranquilizar
a situação.
A opressão contra os índios
também se expressou através de uma tradição de movimentos religiosos, começando
a partir da metade do século XIX. Os índios desses movimentos elaboraram as
mais variadas mensagens e ideologias, e organizavam rituais e cerimônias
expressando as esperanças dos povos indígenas em conseguirem sua liberdade.
A partir de 1880, o pajé
Vicente Christu começou a contar que se comunicava com "Tupã"
(Espírito do Trovão Tupi) e com os mortos. Ele pregava o fim da exploração
pelos patrões de borracha e sua expulsão da região. Proclamava ainda a chegada
de uma nova ordem social, na qual os índios seriam os patrões e os brancos seus
escravos. No início do século XX, ainda ocorreram vários outros movimentos
deste tipo na região, sendo alguns reprimidos com violência pelos militares.
Esse não foi o único
acontecimento do século XIX, mas talvez o mais importante. Novamente o homem
branco acreditou que poderia mostrar seu poder e vencer os mais fracos, mas
estavam literalmente enganados. Os índios, com suas crenças, mostraram-se
fortes ao enfrentaram seus inimigos, e após muito sofrimento e perdas, eles
finalmente conseguiram o que queriam: A liberdade, pelo menos naquele momento
de vitória, pois novas revoltas surgiram, e o mais importante é que os índios
nunca abaixaram a cabeça e se deram por vencidos, ao contrário, sempre a
reergueram e mostrando porque fazem parte da cultura brasileira.
Foto de Manaus, capital da
província em 1865.
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Missionários com os indígenas.
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Daniel Almeida
Danielle Cunha
Referências Bibliográficas
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<http://indigenistaaspirante.blogspot.com.br/2010/06/o-rio-uaupes.html>.
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