A repetição continua de
um evento em uma comunidade provoca em nós um efeito chamado
"banalização": começamos a achar que esse evento é normal e que ele é
uma característica apenas dessa comunidade. É isso que acontece por exemplo com
a corrupção - no sentido amplo do termo de corrupção moral. Nós brasileiros já
estamos tão acostumados com manchetes de corrupção, propina, lavagem de
dinheiro, caixa dois, que nos assustamos quanto lemos reportagens como Escândalo da Siemens 'ensinou empresários alemães a não pagar propina' e nos deparamos com o fato de que a corrupção é um problema global e não apenas do Brasil.
É claro que a leitura da
própria reportagem nos sugere algumas ressalvas, do tipo, “lá fora a corrupção é
punida, aqui não”. Mas fica exatamente nessa ressalva a banalização: talvez lá
fora a corrupção seja punida, exatamente porque lá a corrupção não está sendo entendida como uma caraterística do
país e exatamente por não aceitá-la como tal, ela é vista como algo condenável.
Por outro lado, aqui todo caso de corrupção é recebido
como algo normal, já “esperado” porque “todo político é ladrão”. Ela é
entendida como uma caraterística natural e, por isso, incorrigível, imutável.
Quem sabe se o primeiro passo, então, não deveria ser assumir a corrupção como o erro, falta, e tratar de corrigi-lo, ao invés de simplesmente afirmar que isso é algo banal e incorrigível aqui no Brasil? Não teria sido esse o primeiro passo dado pelo STF ao condenar os mensaleiros?
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