segunda-feira, 8 de setembro de 2014

O milagre de Mandela: History Channel reconstrói em um documentário a saga da África do Sul na luta pelo fim do apartheid






           Rolihlahla Madiba Mandela, mais conhecido como Nelson Mandela, nasceu em 18 de julho de 1918, em uma pequena cidade de Transkei. Em uma noite de 1927, subitamente, seu pai faleceu. A vida da criança de 9 anos sofreu uma reviravolta. Imediatamente, o regente do reino thembu, Jongintaba Dalindyebo, acolheu o infeliz primo na residência real de Mqhekezwen, e tornou-se seu tutor. A mãe de Mandela se viu obrigada a deixar seu unigênito sob os cuidados de Jongintaba, e ao deixa-lo aconselhou-o: “Seja corajoso, meu filho”. Ela não poderia ter dito algo melhor. Junto ao seu tutor, Nelson recebeu a educação elementar. O estudo do xhosa ensinou-lhe sua cultura de origem. Os devaneios permitidos pela história e pela geografia compensaram as dificuldades e os constrangimentos impostos pelo aprendizado das línguas. Para saber mais sobre a construção da vida desse grande líder leia uma reportagem aqui.

      Em 1934, Mandela mudou-se para Fort Beaufort, e ali se interessou pelo boxe e por corridas. Após passar pelas melhores instituições de ensino da época, o bem educado rapaz chegou à Universidade de Fort Hare e começou o curso para se tornar bacharel em direito, onde conheceu Oliver Tambo e iniciou uma longa amizade. Ao final do primeiro ano, Mandela se envolveu com o movimento estudantil, num boicote contra as políticas universitárias, sendo expulso da universidade. Dali foi para Johanesburgo, onde terminou sua graduação na Universidade da África do Sul (UNISA) por correspondência. Continuou seus estudos de direito na Universidade de Witwatersrand. Como jovem estudante de direito, Mandela se envolveu na oposição ao regime do apartheid, que negava aos negros (maioria da população), mestiços e indianos (uma expressiva colônia de imigrantes) direitos políticos, sociais e econômicos. Uniu-se ao Congresso Nacional Africano em 1942 e dois anos depois fundou, com Walter Sisulu e Oliver Tambo, entre outros, a Liga Jovem do CNA. 


        Depois da eleição de 1948 dar a vitória aos afrikaners (Partido Nacional), que apoiavam a política de segregação racial, Mandela tornou-se mais ativo no CNA, tomando parte do Congresso do Povo (1955) que divulgou a Carta da Liberdade – documento contendo um programa fundamental para a causa antiapartheid. Comprometido de início apenas com atos não violentos, Mandela e seus colegas aceitaram recorrer às armas após o massacre de Sharpeville, em março de 1960, quando a polícia sul-africana atirou em manifestantes negros, matando 69 pessoas e ferindo 180. Em 1961, ele se tornou comandante do braço armado do CNA, o chamado Umkhonto we Sizwe ("Lança da Nação", ou MK), fundado por ele e outros militantes. Mandela coordenou uma campanha de sabotagem contra alvos militares e do governo e viajou para o Marrocos e Etiópia para treinamento paramilitar. Em agosto de 1962 Nelson Mandela foi preso após informes da CIA à polícia sul-africana, sendo sentenciado a cinco anos de prisão por viajar ilegalmente ao exterior e incentivar greves. 


       Em 1964 foi condenado a prisão perpétua por sabotagem (o que Mandela admitiu) e por conspirar para ajudar outros países a invadir a África do Sul (o que Mandela nega). No decorrer dos 27 anos que ficou preso, Mandela se tornou de tal modo associado à oposição ao apartheid que o clamor "Libertem Nelson Mandela" se tornou o lema das campanhas antiapartheid em vários países. Durante os anos 1970, ele recusou uma revisão da pena e, em 1985, não aceitou a liberdade condicional em troca de não incentivar a luta armada. Mandela continuou na prisão até fevereiro de 1990, quando a campanha do CNA e a pressão internacional conseguiram que ele fosse libertado em 11 de fevereiro, aos 72 anos, por ordem do presidente Frederik Willem de Klerk. Nelson Mandela e Frederik de Klerk dividiram o Prêmio Nobel da paz em 1993.


           É a partir de sua libertação da prisão que o documentário da History Channel mostra as cenas históricas das campanhas pelo fim do regime, imagens recriadas pela produção e que são entremeadas às entrevistas das pessoas que viveram aqueles momentos e a imagens de arquivo. O ápice da narrativa é a eleição presidencial de 1994, na qual Mandela foi eleito o primeiro presidente negro do país, após mais de 300 anos de governos comandados pela minoria branca. Você pode assistir o documentário completo e legendado aqui.
Mandela atuou em diversas causas humanitárias. O líder sul-africano exerceu também um grande papel na luta contra a AIDS.
O ícone da defesa das causas humanitárias faleceu em 05 de dezembro de 2013, em sua casa, na cidade de Johannesburgo, em decorrência de uma infecção pulmonar.

            
             Texto de Melina Matos


2 comentários:

  1. Sinto-me honrado de ter conhecido a sua luta, a sua tenacidade, a sua determinação para tornar a sociedade africana e a condição humana nobres.Seu testo é um orgulho a Mandela.Seu texto ficou muito bom, cheio de informações links e fotos. Parabéns pela escolha do tema. Espero agora que o exemplo de Mandela sempre inspire os homens e as mulheres a não abandonarem seus sonhos e as suas obrigações de uns para com os outros. que seu exemplo seja ensinado e vivido por todos. Que sua vida seja mostrada e ensinada a todas as crianças. Que ele viva em nossos sonhos e alimente nossa vontade.Mostrou a todos neste planeta o lado mais vergonhoso do ser humano que não consegue perceber um ser igual, com sentimentos e esperanças qualquer que seja sua cor ou raça.Nos 27 anos preso ensinou como próximo pode ser o sonho de liberdade a seus algozes e admiradores. Agora na posteridade continuará ensinando os que ainda não aprenderam !!!

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  2. Gostei demais do seu texto, Melina! Tanto a parte escrita quanto os elementos visuais ficaram muito bons. O texto foi super interessante (não tinha como não ser) e muito bem feito. Acho incrível a sua escolha de temas... Primeiro falou de Vargas e agora do Mandela; pessoas fenomenais que tiveram papéis fundamentais na história. Principalmente Nelson, que conseguiu transformar não só um país, mas o mundo. Creio eu que houve apenas uma pequena falha na mostra de links, visto que o documentário não abre. Por favor, tente arrumar, porque fiquei realmente interessada nele!

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