Por
se concentrarem no litoral os tupinambás foram os primeiros indígenas que Pedro
Alvares Cabral se deparou quando chegou ao litoral do Brasil em 1500.Os
franceses aqui também fundaram a colônia da França Antártica e os Tupinambás se
tornaram seus aliados, mas os portugueses não demoraram a expulsá-los e com
isso os índios se deslocaram para o interior.
Ritual de caiunagem |
Eram
umas das tribos mais temidas do Brasil por estarem constantemente em guerras
com portugueses ou outras tribos, além de serem adeptos da pratica da antropofagia
nos rituais de cauinagem, que consistia em comerem guerreiros de outras tribos
capturados em batalha, pois acreditavam que isso absorveria sua força ou também
por vingança, já que ao que indica na tradição indígena o ato de comer um
indivíduo que lhe teria causado alguém mal seria uma reação normal.
Bula Veritas Ipsa
Em
1537, na Europa foi imposta pelo papa Paulo III na Bula “Veritas Ipsa”, que os
índios deveriam ser considerados humanos por apresentarem comportamento manso,
dócil, benigno, especialmente os divulgados pela carta de Vespúcio, não
encontrando motivo algum para sua exploração, já que a justificativa inicial
para tal ato era de que o nativo brasileiro era como uma fera, um selvagem que
deveria ser catequizado e controlado como um animal. Este documento influenciou
outros representantes da igreja como Frei Bartolomeu de las Casas e o Bispo de
Chiapas que foram contra as ideias conservadoras de que todos os índios
deveriam ser catequizados e só assim receberiam a humanidade.
Ou
seja, o índio começava nessa época seu processo de independência, já que até
mesmo representantes da igreja os apoiavam, mas esse processo não foi pacífico, pois em busca de maior liberdade e menos opressão por parte dos
colonizadores portugueses e, com ajuda dos Franceses, ocorreram algumas revoltas indígenas,
como a dos tamoios e a Brasílica.
Revolta Brasílica
Mem de Sá |
No ano de 1555, duarte da Costa enfrentou sérios problemas com a tentativa dos franceses de consolidar uma côlonia na região do Rio de Janeiro. O conflito desenvolvido após a chegada dos franceses foi de extrema dificuldade, pois os invasores contavam com o apoio dos índios lutavam contra a presença dos portuqueses que faziam uso de uma política escravista, como Duarte da Costa, em relação ao nativo brasileiro.
Esses vários problemas que marcaram a administração de Duarte da Costa acabaram dando fim ao seu governo. Dessa maneira, ele foi substituído por Mem de Sá no ano de 1558.
Confederação dos Tamoios
Por
volta de 1556, o governador da capitania de São Vicente, Brás Cubas, pretendia
promover a colonização através da escravização de indígenas, para servirem nos
engenhos de açúcar da capitania. Para facilitar esse processo, Brás Cubas
mandou um de seus companheiros, João Ramalho, para a tribo dos tupiniquins,
para casar-se com Bartira, filha do cacique Tibiriçá. Com isso, ele explorou
uma das práticas indígenas chamada de cunhadismo, na qual um homem, ao se casar
com uma mulher de determinada tribo, passava a ser membro dessa tribo. No caso
de Brás Cubas, através de seu companheiro, conseguiu estabelecer uma forte
aliança entre tupiniquins e portugueses, que realizaram um ataque à aldeia dos
tupinambás, para aprisioná-los e usá-los como mão-de-obra escrava.
Com o ataque, a aliança conseguiu
capturar o chefe tupinambá, Caiçuru, mantendo-o aprisionado no território do
governador Brás Cubas. O tupinambá, devido a péssimas condições de sobrevivência,
morreu no cativeiro, despertando o espírito de vingança da tribo tupinambá, que
passou a ser comanda por Aimberê, filho de Caiçuru, que declarou guerra aos
colonos portugueses e seus aliados.
Na mesma época desses acontecimentos,
os franceses chegaram ao Rio de Janeiro, para colonizar o território brasileiro
e extrair as riquezas que todos falavam. Eles viram a oportunidade perfeita
para eliminar boa parte dos portugueses, então se uniram a causa de Aimberê,
juntamente com as outras tribos tupinambás espalhadas pela costa brasileira,
dando início a Confederação dos Tamoios.
Cunhambembe, líder da tribo tupinambá
de Angra dos Reis, assumiu a liderança da confederação, por ser considerado
valente e destemido. Para patrocinar os conflitos, os franceses ofereceram
armamentos para Cunhambembe. Porém uma epidemia causada pelo contato com os
brancos acabou matando o líder da Confederação dos Tamoios e vários outros
combatentes.
Aimberê voltou ao seu posto de líder
para continuar com a revolta contra os portugueses. Ele fez o possível para
conseguir o apoio de Tibiriça, e no primeiro momento ele aceitou, mas acabou
declarando fidelidade aos portugueses e iniciou uma luta contra Aimberê e seus
companheiros, que acabou com sua morte.
José de Anchieta |
Essa onda de violência chamou a
atenção do padre Manuel da Nóbrega, que pediu ajuda a José de Anchieta para
amenizar a situação. Para isso foram reunidos líderes de todas as tribos
envolvidas com a intenção de formar um acordo. Os líderes das tribos queriam a
saída dos portugueses. Depois de uma longa negociação entre os portugueses e as
tribos indígenas, José de Anchieta e os jesuítas conseguiram convencer os
índios que foram para a capitania de São Vicente para fechar o tratado de paz.
Os índios aprisionados foram libertados.
Por um período de um ano a paz se
estabeleceu, mas os índios voltaram a ser escravizados pelos portugueses, que
aproveitaram o período de paz para fortalecer seu poder militar.
As batalhas recomeçaram. Os
tupinambás, juntamente com seus aliados e contando com a ajuda dos franceses,
resolveram lutar até a morte, mas os portugueses conseguiram derrota-los e a
guerra se estendeu por mais um ano, até o governador geral do Brasil, Mem de
Sá, reforça o exército de seu sobrinho, Estácio de Sá, e no dia 20 de janeiro
de 1567, os índios perderam a luta com a morte de Aimberê.
Com o fim desse episódio da história,
os portugueses perceberam a dificuldade de se escravizar os índios e decidiram
importar mão-de-obra africana com os navios negreiros.
Os portugueses quando aqui chegaram possuíam uma superioridade bélica relevante, além de formularem estratégias de dominação envolvendo alianças com outras tribos e a disseminação de epidemias que devastaram tribos inteiras de indígenas, mas esse povo que aqui se encontrava em maior número e mesmo com um poder bélico menos avançado prosseguiam as batalhas com um espírito guerreiro que impressionava seus adversários. Com essa determinação e o espírito de vingança característico da tribo Tupinambá esses povos aliados aos franceses conseguiram sua liberdade ao longo do século XVI, além de conquistas que marcaram a história de nosso país como a retirada de Duarte da Costa do poder e a liberdade que desencadeou o processo de escravização africana que pendurou até 1888.
Referências Bibliográficas
COUTO, Ronaldo.
Disponível em https://books.google.com.br/books?id=VIxJBQAAQBAJ&pg=PA130&dq=Tupinambas&hl=pt-BR&sa=X&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false.
Acesso em vinte e três de novembro de dois mil e quinze.
DELPHINO, Cristine.
Disponível em http://www.historiabrasileira.com/brasil-colonia/confederacao-dos-tamoios/.
Acesso em onze de novembro de dois mil e quinze.
DONATO, Hernâni.
Disponível em https://books.google.com.br/books?id=xeyuqtq3ImUC&pg=PA13&dq=indigenas+1500&hl=pt-BR&sa=X&redir_esc=y#v=onepage&q=indigenas%201500&f=false.
Acesso em vinte e nove de outubro de dois mil e quinze.
BARBOSA, Maria de Fátima
Medeiros. Disponível em https://books.google.com.br/books?id=xQfYluwjNC0C&pg=PA52&dq=bula+veritas+ipsa&hl=pt-BR&sa=X&redir_esc=y#v=onepage&q=bula%20veritas%20ipsa&f=false.
Acesso em vinte e nove de outubro de dois mil e quinze.
THOMAS, Georg. Disponível
em https://books.google.com.br/books?id=bxUrAQAAMAAJ&q=politica+indigenista+dos+portugueses+no+brasil&dq=politica+indigenista+dos+portugueses+no+brasil&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwj_-bi6_a7JAhXLmJAKHWBSAtgQ6AEIHDAA.
Acesso em vinte e nove de outubro de dois mil e quinze.
Daniela e Nathan